sexta-feira, 4 de junho de 2010


Sou gavetas
Bolsos
Quartos de hoteis abandonados
Sou paisagem
Viajem
Guardado no peito como bagagem
Abandono-saida
O que sobra nos cantos?
Daquela avenida...
Sou livros relidos
Cartas enviadas, ingressos perdidos
Endereços errados
Sou estrada-maratona
Jogado na onda
De outro pais
O que sobra nos cantos?
Do homem parado....
Sou roupas usadas
Malas desfeitas
Mudanças distantes
Lisos momentos
Para limpar a boca com guarda-napo
Ai quanta dor eu deixo
E mexo no eixo da minha poesia
Ai que quanta historia eu levo
Dizendo o momento de ficar cego
Ai quanta despedida
Virando na linha a certeza da vida
Ai quanta parte eu parto
Distante ligado em fino trato
Se sou transitorio
Efemera moda
Justo neste pais largado...
Encontro maos perdidas
Roupas forradas de solidão
Satelite exato
Bares baratos
Wyski virado em meia musica
O que sobra nos cantos?
Daqueles meus olhos...
Se sou personagem
Desfilo errado
Em tempos melhores
Madeiras talhadas
Erradas besteiras
No trem moderno mas apertado
Eu preciso ir embora
Para aquele momento de adeus mortal
Mar latente a qualquer hora
Sou lebre, fera desigual
Vestindo o corpo de caminhos
Sou sozinho
Destino

O que fica nos cantos?
Desse meu mundo...
David Cejkinski

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