quarta-feira, 23 de junho de 2010


Para Chico Ribas

Olhe dentro de meus olhos cinza
Toda vida derramada em Jack Daniel’s
Olhe por cima dessa ferida
O que sangra em minha lata de remédio?
Amores escorrem pelo corpo
É desatino, insensatez que você fez
Dançar a morte como valsa em meu juízo
Na cidade de onde eu vim calei talvez
No meio da vida, no meio do pouco que ainda tenho
Levo na mala trompetes de jazz, blues de absinto
Quero um livro que resolva meus perigos
Livre poema de onde eu tire algum amigo

No meio da paulista, cinzas matas revelias
Morei os dias nas paredes de meu quarto
Contei mentiras: armadas serpentinas
Jogando bola em Avaré ou outros matos
É que a vida, vida mesmo não me cabe
Quero pular de vez em quando o meu teatro
Eu sinto medo maremoto, contraponto
Lançar na nuca um revolver de boato

Olhe dentro destes meus olhos cinza
Um filme de Godard, momento exato
Estrada pronta, Kerouac-nostalgia
Vou deslizando algum álcool em meus dias...

David Cejkinski

2 comentários:

Chico Ribas disse...

lindo. Muito obrigado. Já está no meu...

Flá Magalhães disse...

Maravilhoso, cada vez melhor Dav.
Parabéns.
Bisu.