quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dia triste para cortar cabelos.Para deixar pedaços.Quebrantos risos.Traços.Mantras.Dia de desembaraços.Dia de cortar pedaços, de alimentar os erros, escalar desafios.
De cobrir o rosto com a mascara grega que te vende o jogo.No soco para-normal do rosto que te rodeia que te mata e te envenena logo que você desembarca.
Outras parcas.
Outras matas.Outras casas fatais vão te ruir os ossos.E te deixar poesia.Profética.Louca, silenciosa, que pasta em outras historias.E vai lhe deixar nos lábios uma pequena gota de felicidade.Para bois beberem em ti a água de sua natureza.Santa, imaculada.Dentro de ti corroí alguma fera
Dentro desse dia triste para cortar cabelos vou arrancar meus cílios, minha cara, minhas vísceras, meus venenos...

E me abandonar.

David Cejkinski

terça-feira, 16 de junho de 2009


Toca Discos

Aos poucos te degustar
Dilacerar o corpo em peso alto
Chupar suas ilhas na serra do mar
Liso, parco, feito um sol barato.

Onde já não te vejo
Afundar suas tetas, poças, ricas, tesas e tortas.
Furar minha casca morta, lisa de caranguejo.
Quando no momento, já não lhe vejo, já não me vejo.

Os mantras pulcros vão desaguar
Em dissonância arte conta sua ternura
Em rotativo verso junto à água suja
Dançar meticulosidade com uma estranha patrulha

Vou rir alto, amar alto e pular do alto em desespero.
Rasteira picada de jibóia-naja
Quebrar muros com o cotovelo
Marcar encontro, atirar em pele tua.

Onde sujo eu vou
Onde sujo eu como
Onde sujo estou
Onde sujo sufoco

Para prosseguir
Em corda bamba lusco-fusco de brinquedo
Encontro gato que passa a latir
Colo minha pele selando o nosso medo

Te encontrar nessas bandas
Gozar junto a estrelas caricatas
Não gostar mais de batata-fritas
E achar estranho comer com certo molho algumas baratas...

Eu não quero mais girar assim
Feito algodão-doce em panela junina
Sentindo de relance esse festim
Em um velho sucesso da Elis Regina

Então vou te falar, meu amor
Onde meu riso pasta em terra escura
Jurar no fim de um filme de horror
Um céu mais claro, quanta ternura...

Vou assinar contrato em seu umbigo
Voar livre em teus marasmos
Construir assim nosso abrigo
Semeando risos em outros pastos

David Cejkinski

sábado, 6 de junho de 2009


Ele quis ir embora
Em dia festivo
Ele só quis ir embora

Para recomeçar a dançar em outra hora
Para amar em outra valsa de ilusão
Cantar em outros paises
Ganhar tostão suado com lirismo

Ele se atirou em Budapeste
Ele morreu na Polônia em um campo de concentração
E foi fênix luminosa na Itália
Quando não era páscoa
Comendo panetone fora de época

Veio sambar no Brasil
Entendeu do que era feito o samba
Ele só queria ir embora e acabou na avenida
Batendo os pés ritmadamente ao som de serpentina

Já com cem anos
Já com calos na boca
Já com uma certa censura nos cabelos
Já com algumas musicas em seu corpo
Ele gritou dias melhores
E eles vieram.

David Cejkinski

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Pequenas coisas ridiculas da vida:

Ando ouvindo e gostando de Roberto Carlos.
Ando querendo me acabar em qualquer amor-sonho de valsa, e me lambuzar, como nunca.

David Cejkinski