sábado, 28 de março de 2009


E mesmo assim eu quero te ver
Com olhos de ressaca
Mesmo assim eu quero te ver
Ao planar da tarde
Do vazio planalto central
Seco, feito pão de agosto.
Amargo como setembro em guarda chuva perdido
Por que desde janeiro quero um abrigo meu
Um gozo meu
Ser feliz assim...
E é por isso que quero te ver
Com olhos de ressaca
Distante de qualquer manhã e abraçado-ao-pé-do-ouvido na serra da Mantiqueira.
Dizer sinceridades e acabar com o nosso ar

É preciso ser poema a alguém
É preciso ser poesia na cidade

Pra persistir
Pra apenas- ser- e nada além.
Quero amargar menininhas e sugar outros lentos
Eu quero
Mesmo com os enfadonhos olhos de ressaca
Pior do que sexo repetido com a pessoa mau amada.
Eu quero amar de outro jeito
Eu preciso de um cigarro-amante
Pra mirar outra cidade-volante
Que te destrói
Que te acelera
Em outra mata lutar para outra fera
A meretriz diz constrói eu sou feliz
Se tanto faz que me animar é transgressivo
Metalurgir outros papeis, eu repeti
Outra vez, amanhã, com olhos de ressaca.
Acordar menos sentido
Outra vez
Amanhã
Acordar e dizer silêncio ao pé do ouvido
Outra vez quem sabe vou pedir
Outra vez
Para sempre
Em uma manha de agosto
Dia de aniversario
Dia de parabéns-a-voce-mais-uma-sobrevida-na-coleçao-dos-seus-dias
Parabéns.
Parabéns...
Parabéns!


David Cejkinski

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