quarta-feira, 8 de setembro de 2010

As ruas vazias
Teu corpo um naufrágio
Precipício, estes teus olhos-semáforos
Na esquina sonhar
Atravessando suas ruas
No parapeito do prédio
Emolduro o teu córrego
Na meia sarjeta
Cólera e engarrafamento
E as ruas vazias
Meu jeito parado
A pele pelada
Meus beiços melados
Você melodia
Teatro, um conto santo-retrato
As ruas vazias
Meus olhos gozosos
Virilha-poesia
Teus salmos jocosos
No meio dos pelos
Meu jeito manso nos teus
Olhos
Minha boca arredia
Faz anos lunáticos
Uma cor perturbada
Borrando minha pele
E as ruas vazias
Minha voz de bandeira
Dançando valsa-besteira
Um jeito rouco de andar
Lilás, azul, manifesto
O horizonte mais perto
Lento, deslizo em teu monumento

No vazio do meu corpo

David Cejkinski



2 comentários:

Flávia Magalhães disse...

Olho seus poemas e...são sempre os olhos.

RÔ_drigo disse...

PQP Lindo pra kct!
Acho q virou meu favorito=D