domingo, 26 de setembro de 2010

A arma


Estendo os braços
Toco com as pontas de meu corpo-precipico
Esse lugar onde as ruas findam
As praças quebram
As noites evaporam
Os amores derretem
Você não tinha o direito de usar essa arma!

Os dias passam
Momentos degustados
Limpados em guardanapos
Nesse lugar onde as vontades calam
As pontes partem
As valsas escorregam
Você não tinha o direito de me apontar essa arma!

Com três momentos a queima-roupa
Com paredes cimentadas nas bocas
Era dezembro
Onde eu me perco
Bailo um tenso rodeio em despertar de outrora
Nesse lirismo-parto um desacordo nato!
Você não tem o direito de engatilhar a arma!

Passo-respiro-momento-e-fato
Faço um retrato nosso
Liso de desembaraço
Para estampar o café-da-manhã-burguesia
Mordo a carne de teus lábios
A pólvora desses nossos dias!
Na bamba janela canto
Triste valsa para dançar colado, ensangüentado no negro asfalto

David Cejkinski


Um comentário:

RÔ_drigo disse...

A Cidade ou o Casal suicida?Não importa... É LINDO!!