quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Poema do não

Despedaça
Não, a fúria pede um abrigo
Não em dia normal
Dia-cinza-de-atravessar-a-vida
Diga
Outras matas, partes mortas, feras-gatas
Que desespera
E mia um vazio perdão
Não, diga-se de passagem esse é um poema do Não
Aos maus agouros da cidade e de agora
Sentindo um momento farto rompendo um laço de outrora
Deságua, estoura a bolsa e molha o chão
Neste que é um poema do Não
Rasgue a pele, procure saída, mexa nas entranhas em busca de vida!
Olhe o céu, mexa as mão, chacoalhe este recém-nascido em vão
Outros rompimentos estão
Encharcando o calendário, este umbilical-cordão
A morte veste a mascara
Visita um dia-porão
Dia porão é dia esquecido na pele
Preste bem atenção, vista outra roupa, atravesse a rua
Disfarce ao ver-se no espelho
Acene para uma criança então
E parta no porto-medonho
Essa lamuria
Este canto
Teu coração

David Cejkinski



3 comentários:

Flávia Magalhães disse...

Deu certo!
Ideia genial.
Poema lindo.
Pra variar.

RÔ_drigo disse...

é toda uma emoçÃO diferente ouvir/ler esse poesiÃO!!

Vanessa Souza disse...

Freud dizia que não havia não.