terça-feira, 14 de julho de 2009


Fétido Feto

Vou te explicar como funciona depois da noite
Matando poema para sobreviver
Abortando outros mares, eis meu fétido feto para contemplação.
Meu manifesto
Aqui, nesse meio de tudo apodrece imensidão maldita.
Aqui nesse meio de vida apodrece carne, osso, unhas, sonhos.
É de Morfeu sumido, é de outro paraíso, de outro carnaval.
Em outras Acrópoles
Embarcações perdidas com deuses naufragados em memórias esquecidas
É de perder de vista o horizonte do fétido feto
Correr maratonas urbanas girando feito uma gira de Umbanda
Quero falar com Deus! Quero falar com ti!
Eis aqui meu nome completo, eis aqui meu naufrágio, meu deserto.
Hermético
Para se expor em museu
Eu quero falar com Deus! Quero falar com ti!
Aqui tens minha placenta, retira dali todo poema que meu sangue pode dar!
È poesia, se liberte, se liberte, gire, gire e morra em trocadilho lento.
Noutros parques e tormentos
Procurando anjos para te sustentar
Onde mais podes ir entregar rebento?
Quero falar com Deus! Quero falar com ti!
Não deixe que as águas destruam muralhas
Não deixe descrentes invadir o templo
Preciso de amor que pinte as paredes pálidas
Vermelho transcendental de todas as encarnações
Preciso ser plano em outra cidade talvez
Preciso ser uma paisagem bonita para se escorregar
Preciso, preciso, eu quero.
Quero Falar com Deus! Quero falar com ti!

David Cejkinski

Um comentário:

Chico Ribas disse...

Eu me lembro quando no incício do blog eu dizia como vc escrevia parecido com o Rimbaud. Sua poesia é muito original, é muito "Davidiana". E nota-se fases na sua escrita. Não há dúvidas, você é um escritor, quanto a ser um "grande escritor", isso tudo está nas suas palavras.
Lindo!