terça-feira, 16 de junho de 2009


Toca Discos

Aos poucos te degustar
Dilacerar o corpo em peso alto
Chupar suas ilhas na serra do mar
Liso, parco, feito um sol barato.

Onde já não te vejo
Afundar suas tetas, poças, ricas, tesas e tortas.
Furar minha casca morta, lisa de caranguejo.
Quando no momento, já não lhe vejo, já não me vejo.

Os mantras pulcros vão desaguar
Em dissonância arte conta sua ternura
Em rotativo verso junto à água suja
Dançar meticulosidade com uma estranha patrulha

Vou rir alto, amar alto e pular do alto em desespero.
Rasteira picada de jibóia-naja
Quebrar muros com o cotovelo
Marcar encontro, atirar em pele tua.

Onde sujo eu vou
Onde sujo eu como
Onde sujo estou
Onde sujo sufoco

Para prosseguir
Em corda bamba lusco-fusco de brinquedo
Encontro gato que passa a latir
Colo minha pele selando o nosso medo

Te encontrar nessas bandas
Gozar junto a estrelas caricatas
Não gostar mais de batata-fritas
E achar estranho comer com certo molho algumas baratas...

Eu não quero mais girar assim
Feito algodão-doce em panela junina
Sentindo de relance esse festim
Em um velho sucesso da Elis Regina

Então vou te falar, meu amor
Onde meu riso pasta em terra escura
Jurar no fim de um filme de horror
Um céu mais claro, quanta ternura...

Vou assinar contrato em seu umbigo
Voar livre em teus marasmos
Construir assim nosso abrigo
Semeando risos em outros pastos

David Cejkinski

Um comentário:

YURI PINHEIRO disse...

incrivel !!!!!
...como uma pessoa que tem uma ligação assim com o mar não come o que ele da de presente..?...hehehhe
me sinto assim tb quando ouço Elis Regina, ela me deixa marejado na alma...