segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fui me desfazendo lentamente
Rompendo, eu
Varri as minhas sobras
Para baixo do tapete

David Cejkinski

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para Carolina Angrisani

Diferente são suas rodovias
Seus painéis de silencio
Estampados para quem quiser ouvir
Tal alegoria
Diferente são os seus precipícios
Suas cicatrizes
Sua boca
Sexo, edifício
Marquises
Dor
De passagem na estação de metrô

Vem, vamos valsar em outros trilhos
Outras mentiras-mortas
Outros amores de cristal
Vamos equilibrar a felicidade
Não usar aquela coberta-saudade
Que vem sempre nos permear
Vem, dizer que a vida é torta
Lançar sua historia posta
Em violinos desafinados para nos julgar

Quero secar sua maldade
Arrancar pedaços dos teus cabelos-nostalgicos
Esfregar em teu corpo este teu calendário
Suas cinzas guardadas nas dobras da pele
Que deslizam por onde passas
Derramando uma estrada
De amor e ausência

David Cejkinski

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Manifesto

Vou deslizar as mãos sobre suas vértebras
Aradas, prontas para vestir de mansinho
Meu manifesto atlântico
Úmido e desesperado por um sorriso
Vou assoprar os vários anos no canto da boca
Lamber devagar qualquer felicidade
Que deixas derramar
Por entre os tapetes
Dias
Versos estacionados na esquina
Essa sua mão
Um novo manifesto
Suado, em uma carta de amor

No sinal amarelo
Por um instante parecia dar certo
Era deserto?
A cidade e o caos?
Veja esse nosso manifesto
Um difícil momento final
Para dar partida
Teus olhos-pacatos-vazios-um-desvio
Para a marginal
Que já somos
Uns tantos anos
Perigosos
Passionais?
Tatuado no corpo
Suado, uma carta de amor

David Cejkinski