domingo, 25 de julho de 2010

SEM SAÍDA

Olho nos teus olhos
E continuo lento
Como quem vai vivendo...
Quantas vitrines refletidas nos seus olhos?
Silencioso
Pássaro marrom na estrada
No-horizonte-barcas-partidas
No porto
Quem sabe? Quem entende? Quem explica?
Tamanha entrega...
Já ressuscita
Aquilo que mora dentro
É escuro
Manso e lento
De desespero
Chove, molha manhãs melhores
Outro amor a tempo
Fotografado anonimamente na avenida
Abraços marcados
Vento
Mortes, pontes, risos, seios
Para matar desejo
De embriaguez tomada
Valseia comigo dizendo
Uma opera-soneto
Outro apego
Outra lamuria
Beije-me em cada momento
De silencio vasto
Qualquer volúpia
Ondas, marés, são mortes batidas no cruzamento
Sinal vermelho
Mais uma vez outra paixão no fim do espelho...

David Cejkinski

domingo, 18 de julho de 2010

Manhã de Domingo

Mate essa minha boca de Hera
Este pão seco-amanhecido-com-dor-de-cabeça-domingo
Razão metralhada de momento farto e castigo
Parta para outro amor no Olimpo
Razão lancinante, roteiro escondido
Mate essa rua vazia
Rara fuga de espera
Nessa voz que me dera
Lambuze carnaval no umbigo
Reze maldito
Outro veredicto
Uma paz ruidosa ressoa na proa de vasto juízo
Reclame um amigo
Essa voz que me dera!
Lírico gozo que parte no corpo
Neste mês de falidos
As ruas reclamam por um folião destemido
Calendário a deriva
Um sopro-poesia
Nos raios momentos-primeiros-do-dia

David Cejkinski