quarta-feira, 15 de abril de 2009

Eu não sei se é a falência das coisas
O entortar das formas
O cansaço dos versos
O amolecimento das bases
Eu não sei se é o atravessar a rua
O maldizer dos tempos
A fraqueza das vozes

O que há de você, em você mesmo?

Noticias mancham de luto os seus desejos
Eu não sei se é mau caminho
Se é mau agouro
Se não é do meu destino
Ou se não faz parte de mim
Eu não sei se é para viver de novo
Será que é para deixar levar?
Será que é para marcar encontro?
Se tem remédio que possa me curar...
Eu não sei se é o dissolver das coisas
O desaparecimento

No breu, eu sei que toca lento uma valsa medonha para se bailar

David Cejkinski

sábado, 11 de abril de 2009

Anestesia

Batidas em pontos unilaterais do corpo
De passagem...
Despedidas.
Os cabelos deixam marcas de sangue por onde passo
Afogado
Em outros trens, outras estações...
Em revelias menores
Em bares por onde já passei
Um dia, que não seja esse vou marcar um encontro com minha alma.
E desaguar
Com os meus olhos a verter os afluentes de um rio amargo
Anestesiado em mar gelado
Com pedras de gelo para beber minha boca
Por passarelas planas onde a dor não é tragédia
Onde vou poder dançar outros tangos
Onde meu corpo terá espaço
Onde minhas mãos terão respostas indiscutíveis
Quando eu desfalecer será tão bonito como encontro sem despedida
Qualquer dia desse, vou renascer.
Um caminho sem náusea abrirá para mim
Lembranças de algodão doce rechearão o passado
A dor não terá mais lugar
As confissões serão mais sinceras
Um dia vou renascer
Com três palmadas mágicas antes do choro
Um parto sem dor
Sem anestesia
Sem abandono
Sem espera
Sem partida
Com um lugar ensolarado para mim.

David Cejkinski