quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Já é de manhã
E eu ainda não tirei aquela maquiagem do rosto
É de manha e o sol implacável chega para me descabelar a alma
É de manha e eu continuo cinza, pálido, fosco.
Como porcelana barroca
É de manhã e as emoções atropelam pedestres
Atravessam cidades
Engessam cenários
É de manhã e a doença persiste
Com aquele azul maroto nos lábios

É outra semana
E o sol embriaga
Os poros
Paredes vermelhas
Imponentes e passionais
De final de ano
Já são outros tempos e eu me rasgo completo
Outros capítulos
Outros sonetos
É de manha e ainda me resta agonia-celeste
O não acontecido
Espirrado sob a luz do quarto

É de manhã e eu me carrego todo
Em outras moradas
Sob outros olhares
Vou me ninar na luz dos fracassos

David Cejkinski

Nenhum comentário: